Elas não querem mais ser domésticas. Contrato de mensalistas caiu 15,2%
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| Vergonha de ser doméstica e recebimento do bolsa família dificultam a contratação. Foto: ROBERVAL EDUÃO. |
Segundo a psicanalista, Judith Rodrigues, nos dias de hoje, conseguir uma empregada que possa dormir no emprego e que ganhe um salário mínimo é quase impossível.“Estou há 6 meses em busca de empregada doméstica.
Tenho oferecido dois salários mínimos, mas mesmo assim está difícil. Elas não querem dormir em casa e no sábado elas querem ir embora cedo”, comenta.
A empregada doméstica Claúdia Esteves que trabalhou vinte anos em casa de família, hoje montou o próprio negócio. “Fiz curso de corte e costura e agora atendo a várias lojas de roupas. Pra mim é mais interessante porque faço o meu horário”, explica. Ainda segundo Cláudia, a filha de 23 anos também deixou o lar para trabalhar em outra atividade. “Ela agora está trabalhando em uma loja de roupas e quer fazer faculdade de administração”, conta.
O Sociólogo, Joazi Bernardino Costa, comenta que um dos motivos que pode explicar a mudança é que a lei não as favorece. “Existe uma ausência de proteção legal e elas encontram isso em outros empregos”. O sociólogo acrescenta que essa mudança de emprego é significativa porque as empregadas domésticas convivem com pessoas da mesma classe, da mesma condição social e econômica quando trabalham em empresas, fábricas.
Segundo a advogada trabalhista, Cecília Viana Cordeiro, são diversas as razões que levam as empregadas domésticas a migrar para empresas, uma delas é o seguro desemprego. “A empregada doméstica não recebe seguro desemprego. Se ela estiver trabalhando no comércio há mais de seis meses com carteira assinada, for demitida sem justa causa e ficar desempregada, ela recebe o seguro desemprego”, explica.
Além de migrarem para outros empregos, as mensalistas também tem preferido trabalhar como diaristas. “Eu acho elas estão preferindo ser diaristas. Elas ganham mais pela diária, podem trabalhar em várias casas até mais de um dia só e receber duas diárias. Lembrando que já existe jurisprudência de que a partir de 3 dias na semana já pode dar vinculo empregatício”, comenta Cecília.
Ainda segundo a advogada muitas razões explicam essa mudança de emprego: “a minha empregada doméstica hoje faz faculdade de pedagogia. Eu acho que o país está mudando, as mulheres estão entrando mais no mercado de trabalho”. Além disso, para a advogada, tem a questão do currículo, talvez seja mais interessante estar na carteira como vendedora e não como uma empregada doméstica.
A Administradora de Empresas Priscila Mesquita é uma das patroas que perdeu sua empregada. “Ela queria muito ter na sua carteira outra profissão, mesmo que fosse para ganhar menos do que ganhava aqui em casa. Acho que tinha vergonha de ser doméstica”, afirma.
Tem ainda casos de domésticas que só trabalham se a carteira “não for assinada”. Isso ocorre porque elas temem perder o auxílio que recebem do Bolsa Família. A servidora Maria do Rosário conta que sua empregada não quis de forma alguma que ela assinasse a carteira. “Ela já trabalhava comigo há muitos anos, quando surgiu a possibilidade de receber o benefício, ela pediu demissão. Maria do Rosário diz que passados alguns meses, a empregada a procurou, “ela disse que queria voltar, mas só o faria com a condição de que não assinasse a sua carteira”. A servidora não quis dizer se concordou ou não com a proposta.
De fato a inserção da mulher no mercado de trabalho é uma realidade. De acordo com pesquisa do IBGE, o número de mulheres trabalhando cresceu 9%. Em 2002, havia 0,15% de mulheres empregadas, já em 2009 esse número passou para 0,24%.
Saiba mais
Direitos do trabalhador formal Direitos das empregadas domésticas
Fundo de Garantia Opcional
Hora Extra Não
Adicional Noturno Não
6 meses de licença maternidade 4 meses de licença maternidade
Seguro desemprego Não
Décimo terceiro Sim
INSS Sim
Fonte: Jornal Alô


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