Pesquisa revela que a classe médica não confia e não prescreve esses medicamentos.

Foto: RICARDO MARQUES.
Comprar medicamentos pode pesar muito no orçamento familiar do brasileiro, principalmente quando o doente possui uma doença crônica,  grave  como  diabetes ou sofre de problemas cardíacos. Os remédios genéricos surgem como uma alternativa para que o cidadão pague menos na hora de comprar  medicamentos, mas infelizmente os médicos não receitam os genéricos. Pesquisa realizada pela Associação de Consumidores (Proteste) revela que a classe médica ainda não confia nesses medicamentos. Falta de informação com relação a qualidade desses medicamentos pode explicar essa “resistência”.

De acordo com a pesquisa, 8O% da população acredita que os remédios genéricos apresentam a mesma segurança que os remédios de referência. Os entrevistados mostram preferir os remédios genéricos até para tratamento de doenças graves como as cardiovasculares e o diabetes. Mas segundo a coordenadora institucional da Proteste, Maria Inês Dolci, os médicos ainda não confiam nos genéricos. “A explicação  pode ser a falta de informação. Talvez os médicos têm essa dúvida porque eles não têm a certeza de que esse medicamento é seguro”comenta.

A questão já até rendeu um seminário internacional organizado pela Proteste, no último mês, para reunir a comunidade médica e debater o assunto. Segundo Maria Inês, durante o seminário, ficou decidido que seriam feitas mais campanhas de conscientização direcionadas à classe. “ Nós sugerimos que haja também um engajamento do  Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância sanitária” (ANVISA),  explica.

Além disso, a coordenadora informou que é preciso que se realize campanhas para que os consumidores solicitem ao médico a alternativa de prescrição do medicamento genérico.

Caso isso já tivesse ocorrido, a paciente Maria Fernanda Pereira não iria gastar tanto com medicamentos como gastou no último ano. Ela explica que precisou fazer um tratamento e que o médico disse para ela não comprar remédios genéricos.
“Entre 2009 e 2010 fiquei doente e precisei fazer um tratamento médico. O meu médico que me acompanhou todo esse período nunca me receitou um genérico. Inclusive eu perguntei se tinha algum similar, ou genérico mais barato e ele falava pra mim que esse remédio não fazia o mesmo efeito. Os remédios genéricos eram em torno de 60% mais barato. O de estomago era de uso continuo e eu tinha que tomar três vezes ao dia e ficava pesado no orçamento. Gastei mais de mil reais nesse período” relata Maria Fernanda.

O Presidente da Associação Brasileira de Clínica Médica,  Antônio Carlos  Lopes, afirma que não há base científica para que os genéricos não sejam acreditados por quem prescreve. “Acho que os médicos estão errados em não confiar nos remédios genéricos. Eles não têm nenhum tipo de formação cientifica pra dizer que os genéricos não funcionam” protesta.

Para o  dr. Antônio Carlos  Lopes o médico sempre deverá receitar os medicamentos genéricos: “acho que o médico deve recomendar o genérico sempre. O paciente que escolha depois o medicamento que quer.”

Segundo Antônio, o dinheiro público precisa ser respeitado e mencionou uma frase do ex-presidente. “ Lula falava a seguinte frase: é muito fácil ser médico na avenida paulista. Realmente o Brasil não é a avenida paulista, não é a capital de são Paulo. O individuo não pode sacrificar o pão de cada dia comprando medicamento caro sendo que tem o mais barato”.

A lei de incentivo aos medicamentos genéricos completa, em 2011, 12 anos e foi implantada pelo Ministro da Saúde José Serra (PSDB). A lei possibilitou a queda de preço. .dos medicamentos e desempenha até hoje uma função social.

Fonte: Jornal Alô

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