Alterações propostas pelo PPCUB à orla do lago geram controvérsias


Plano de preservação de Brasília permite a criação e a subdivisão de lotes na orla do Paranoá, assim como destina oito locais para hotéis. Especialistas alertam para o adensamento da área e o surgimento de condomínios.



Dona de um dos metros quadrados mais caros do País, a orla do Lago Paranoá desperta a cobiça imobiliária. Do outro lado da balança, a importância da preservação ambiental, que contribui para a qualidade de vida da população, também precisa ser levada em consideração. A pressão sobre a região é uma das preocupações que permeiam as discussões em torno do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB), que tramita na Câmara Legislativa do DF (CLDF). Os pontos que mais têm gerado controvérsias na proposta do Executivo e provocado reações de especialistas são a possibilidade de subdivisão dos lotes à beira do espelho d’água em tamanhos menores, o que aumentaria o adensamento na área e a abertura para alteração do uso original do solo, que poderia levar ao surgimento de condomínios residenciais onde hoje não é permitido.

O movimento Urbanistas por Brasília, que vem chamando a atenção da opinião pública para os problemas no PPCUB, organizou uma lista que estabelece os pontos mais preocupantes da proposta de ocupação e uso do solo da poligonal protegida pelo tombamento, que compreende as regiões administrativas do Plano Piloto, da Candangolândia, do Cruzeiro e do Sudoeste/Octogonal. No rol relacionado à margem oeste do Lago Paranoá, são listadas alterações de uso; criação de lotes em áreas públicas, de lotes por desmembramentos e de novos hotéis (oito locais); e aumento significativo do potencial construtivo em algumas áreas.

“A grande preocupação de todos precisa ser com o risco de privatização, com a transformação de áreas de uso coletivo em espaços residenciais. Todos sabem da pressão imobiliária sobre a orla e isso precisa ser tratado de maneira muito responsável”, argumenta o urbanista Thiago de Andrade, membro do Conselho Superior da seção brasiliense do Instituto dos Arquitetos e Urbanistas do Brasil (IAB). Ele acrescenta que, além do risco de mudança na destinação do uso do solo, também é preocupante a falta de parâmetros claros quanto ao potencial construtivo. “O poder público não apresentou justificativas para permitir nenhuma dessas alterações, nem de uso nem de construção”, acrescenta. 

Fonte: Correioweb

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