O deputado distrital Wasny de Roure (PT) busca alternativas entre GDF, Goiás e União para tentar solucionar os problemas que afetam as cidades do Entorno do Distrito Federal


Wasny não acredita em soluções imediatas, mas pede que decisões sejam tomadas
Wasny explica que o problema não é apenas do Entorno,
mas também responsabilidade do DF e da União.
Foto: André Zimmerer/CedocWasny.

A segurança no Entorno do DF é um assunto que se arrasta há anos, sem solução. Com o objetivo de rever a situação, o deputado distrital Wasny de Roure (PT) tomou a iniciativa de reunir representantes dos governos do DF, de Goiás e da União, ligados à área de segurança, para um debate na Câmara Legislativa. O encontro dessas autoridades em uma audiência pública, proposta pelo parlamentar, tratou de alternativas para a redução da criminalidade da região. Wasny defendeu as ações integradas urgentes para garantir mais segurança aos moradores de ambos os estados.

Wasny explica que o problema não é apenas do Entorno, mas também responsabilidade do DF e da União. “A situação é de extrema complexidade pela conjugação de problemas que existem ao redor de Brasília. A capital cataliza a marginalidade, não oferece resposta suficiente para que possa criar um nível de emprego e de redução da pobreza suficiente para que a marginalidade perca o seu vigor”, avalia o distrital.

O parlamentar completa dizendo que ainda há o componente proveniente da droga. “A ação dos criminosos não respeita limites de jurisdição, nem áreas de poligonais”, enfatizou.

Durante o debate, além das autoridades ligadas à área da segurança, estudantes que residem no Gama, assim como em áreas limítrofes ao Entorno, participaram da audiência pública. Os discursos foram unânimes em criticar o inchaço populacional da região.

Políticas públicas
Wasny não acredita em soluções imediatas, mas a longo prazo, porém que decisões sejam tomadas já. “Para isso, é preciso a retomada das políticas públicas, como forma de reduzir o quadro de pobreza , e que com a incorporação dessas políticas venham a permitir maior eficiência com a presença do Estado.”

Durante a reunião, o secretário do Entorno do DF, Renato Andrade, anunciou que o atual governo está elaborando políticas públicas integradas, por meio de um planejamento estratégico, no sentido de enfrentar o problema da falta de segurança com medidas definitivas, entre elas a geração de empregos, moradia digna e programas de alimentação. Tudo isso em conjunto com o governo federal.

Já o especialista em segurança, Antônio Flávio Testa, fez críticas à política de ocupação do Entorno e a falta de perspectivas para os jovens daquela região. Segundo ele, é necessário um consenso político, com o objetivo de garantir a inclusão no orçamento, tanto do DF como do estado de Goiás e da Federação, que deverão fazer emendas para atender às demandas do Entorno.

O secretário adjunto de Segurança Pública do Distrito Federal, Suamyr Santos Silva, defende a necessidade da construção da cidadania para diminuir os índices de violência do  Entorno. O coronel Edson Costa Araújo, que representou o governo de Goiás na audiência pública, criticou a atual crise, comentando que o problema do Entorno foi agravado “por um jogo de empurra-empurra ao longo dos anos”. Araújo disse que o governo goiano está fazendo levantamento sobre a carência do efetivo policial e que estuda ações como as Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) do Rio de Janeiro. Outro ponto levantado por ele foi a falta de uma delegacia de Homicídios e da Mulher no Entorno.

O representante do Ministério da Justiça, coronel Agnaldo Augusto da Cruz, mostrou dois momentos da situação. Um foi de que há o reconhecimento da situação constante de violência no Entorno do DF que foi relegado ao abandono nos últimos anos, entretanto, o governo federal não está inerte e sim, preocupado com o problema. Para tanto, planeja ações integradas com os estados envolvidos, tendo como propostas a adoção de programas de desarmamento da população.

Na opinião de Wasny, os recursos do Fundo Constitucional do Centro-Oeste, estimado hoje em cerca de R$ 10 bilhões, para o orçamento do próximo ano, tem uma outra finalidade e não deveria ser. “A questão dos recursos é um assunto que tem de ser tratado a partir da contribuição de cada um. Nós só temos direito de pedir à União, quando fizermos uma avaliação da boa aplicação dos atuais recursos que temos. Acho que só a partir daí é que teremos condições de fazer uma avaliação do que tem de ser feito com os recursos disponíveis e quanto se necessita para mudarmos essa realidade”.

Diligências no Entorno
A deputada Íris de Araújo (PMDB-GO) pediu e a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados atendeu. Ela fará diligências públicas para apurar a violação de direitos humanos e a violência na região do Entorno do DF. As datas das diligências serão definidas a partir da próxima semana.

Íris de Araújo decidiu acionar a comissão diante do recrudescimento da violência no Entorno. Para a deputada, a região vive um estado permanente de guerra. Segundo dados obtidos pela parlamentar, no primeiro trimestre deste ano ocorreram 30 homicídios em Águas Lindas, localizada a pouco mais de 50 quilômetros do Palácio do Planalto. A cidade contabiliza um avanço de 43% no número de mortes em relação ao mesmo período do ano passado, segundo as estatísticas mais recentes.

Para Íris de Araújo, a situa­ção é “vergonhosa e preocupante”. Hoje, segundo a deputada, as cidades do Entorno do DF apresentam os maiores índices de homicídios do Brasil, perdem em violência para Honduras, que, no ano passado, se tornou o país mais violento do mundo. “As delegacias estão abandonadas. Enquanto isso os comerciantes e moradores das cidades do Entorno vivem prisioneiros em suas próprias casas”, explica a deputada.

Fonte: Jornal da Comunidade

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