Paralisação continua e abre espaço para prática ilegal da pirataria

Moradores de Planaltina precisam recorrer aos "loteiros"
Além de conviver com o  temor de paralisações em diversos serviçospúblicos que estão com indicativo de greve, a população ainda precisa conviver com o transtorno daquelas que já estão em andamento. Com a paralisação da Cooperativa dos Profissionais Autônomos de Transporte (Coopatram), que já dura 18 dias, moradores de Planaltina são obrigados a recorrer ao transporte ilegal, conhecido popularmente como “loteiro”, para chegar ao Plano Piloto.


Essa prática, comum na região, cresce ainda mais em época de greve e os infratores até se aproveitam da situação para faturar um pouco mais do que o costume. Nos horários de pico, que começa a partir de 5h30, a espera pode chegar até duas horas. Foi o caso da empregada doméstica Raulina dos Santos.  “Os carros particulares nos ajudam muito quando os ônibus demoram para passar. Eu fico até chateada quando a empresa (Coopatran) manda multarem eles. Em vez disso deveriam colocar mais transporte para a gente”, reclama Raulina.

Di­a­ria­men­te, pas­sa­gei­ros são abor­da­dos pelos “loteiros” que ofe­re­cem mais ra­pi­dez, mas nenhuma segurança ou garantia de que realmente vai para o lugar que é informado. Apesar disso, as pessoas que têm hora para chegar ao trabalho realmente não hesitam em pegar pela alternativa. Em apenas 15 minutos, três carros passaram em um ponto de ônibus oferecendo “carona” para o Plano Piloto e quatro pessoas entraram nos veículos.
Os loteiros também sabem que os ônibus estão em falta e por isso aumentaram o valor irregularmente cobrado: de R$ 2 para R$3. A população acha a cobrança injusta. “Eles estão cobrando mais que o próprio ônibus. Essa quantia quase ninguém tem condições de pagar”, reclama o usuário Raimundo de Souza, que parece desonhecer que a prática é absolutamente ilegal. 

Sem prazo para terminar - Os grevistas se reunem na manhã de hoje para decidir o rumo da greve. O objetivo dos funcionários é pressionar os patrões a pagarem os salários atrasados. Tanto a cooperativa quanto os órgãos responsáveis pelo transporte público já foram intimados para prestar esclarecimentos. Enquanto nenhuma decisão é tomada, os 80 micro-ônibus e os 150 funcionários da cooperativa continuam parados.

Tainá Araújo, estudante, costumava esperar poucos minutos pelo micro-ônibus que a leva para a escola. Agora espera em média 20 minutos e nem sempre quando o transporte chega tem espaço. “Tenho perdido as primeiras aulas, pois, quando aparece um transporte, ele está completamente cheio”, revela.

O DFTrans informou que colocou linhas para atender a população de Planaltina, Vale do Amanhecer e Arapoanga com o intuito de tentar amenizar o problema. Mas, geralmente, quando ocorre remanejamento, os ônibus usados são os mais antigos. “Já tem poucos ônibus e quando tem são essas carcacinhas”, comenta Meire Dourado, técnica de enfermagem, se referindo à situação dos ônibus que nem catraca eletrônica possuem.

A usuária reclama ainda da falta de atenção com os moradores da região. “Pelo jeito vamos ter que voltar a pegar ônibus no centro como acontecia antes porque a população cresceu e a demanda diminuiu. Estamos regredindo”, conclui Meire. 

Fonte: Jornal Alô Brasília

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