Agnelo dividirá decisões de governo com grupo de seis 'eleitos'


Agnelo Queiroz (PT), escolhido nas urnas para governar o Distrito Federal pelos próximos quatro anos, também tem seus eleitos. Um grupo de amigos, conselheiros e aliados políticos dividirá com o novo chefe do GDF decisões com impacto na vida de 2,5 milhões de pessoas. Na turma mais próxima de Agnelo há vozes que serão ouvidas do alto de cargos oficiais e palpites que serão sussurrados ao pé do ouvido do petista, participações que, públicas ou não, podem ser definitivas para o encaminhamento de questões fundamentais da cidade.

Agnelo está cercado por mais de 100 mil funcionários vinculados à estrutura do governo. Tem nas mãos a caneta com o poder de nomear servidores para mais de 10 mil funções em confiança, os chamados cargos comissionados. Mas o grupo com potencial para influenciar diariamente as atitudes do novo governador é bem mais restrito. Por força das circunstâncias e pelos laços de amizade, Agnelo está cercado de uma meia dúzia de assessores mais próximos, a quem certamente pedirá opinião antes de resolver problemas de governo.


BASTIDORES

Vice-Governador, Tadeu Filippelli (PMDB). A aliança entre os dois surgiu como um casamento político arranjado, mas da união rejeitada por correntes dentro do PT e do PMDB nasceu a vitória nas urnas. A aposta projetou Filippelli que, a contragosto do PT, tem feito valer sua vontade com o domínio de um setor importante no governo, a área de infraestrutura. Publicamente, governador e vice trabalham em harmonia. Agnelo tem procurado respaldar as opiniões e as escolhas de Filippelli, que retribui com atuação reservada. Ao mesmo tempo em que agem sob os holofotes para manter a sintonia que os levou a vencer em outubro, nos bastidores, a tendência é que, com o desenrolar do governo, corram para lados opostos. Filippelli no sentido de aumentar seu poder de influência. E Agnelo para conter as investidas do vice.

Secretário de Governo, Paulo Tadeu fez a aposta certa entre a indicação de Agnelo e Magela. Mobilizou a tendência mais à esquerda que lidera dentro do PT em favor do hoje governador. Eleito deputado federal com uma votação expressiva – a maior da história do PT-DF – Tadeu tornou-se um supersecretário, com poder de influência nos mais variados assuntos da administração. Uma demonstração explícita da influência de Paulo Tadeu nas decisões da Agnelo foi a escolha da Secretária de Educação. Regina Vinhaes Gracindo foi uma indicação do novo secretário de governo a contragosto do Senador Cristovam Buarque, que tinha outros planos para o setor. Ainda na fase de campanha, Paulo Tadeu já sinalizava o seu grau de prestígio. O secretário particular de Agnelo, Bolivar Rocha, trabalhava no gabinete do deputado.

Chefe de Gabinete, Claudio Monteiro foi deputado por dois mandatos. Agente de Policia Civil tornou-se a partir de 1998 assessor parlamentar de Agnelo na Câmara dos Deputados. Quando o político foi nomeado secretário de Esporte, Monteiro o acompanhou. Foi chefe de gabinete, secretário executivo e ministro interino da pasta na gestão de Agnelo. Cláudio Monteiro disputou a última eleição para deputado distrital, mas não conseguiu se eleger. Foi escolhido chefe de gabinete do petista e será responsável, entre outras atribuições, pela organização da agenda do governador, missão geralmente entregue a pessoas da estrita confiança do governante.

Nomeado Secretário de Saúde, Rafael  Barbosa, quem optou por Agnelo Queiroz em outubro dificilmente saberia que estava predestinando a condução da saúde pública no DF às mãos do médico Rafael Barbosa. Amigo pessoal do novo governador há mais de duas décadas, Rafael não seguiu a carreira política. Com formação médica, o novo secretário de Saúde foi diretor do Hospital de Base, chefiou a Fundação Hospitalar e chegou à Secretaria Executiva do Ministério do Esporte quando Agnelo foi chamado para comandar a pasta. Tornou-se um braço direito do petista, que agora o designou para a missão pública de tirar do colapso o atendimento em hospitais e postos de saúde da capital federal.

Luís Carlos Alcoforado pertence a uma categoria de amigo sem cargo no GDF, o que não diminui o peso de seus palpites. Advogado contratado pela campanha do PT, ele atuará agora nos bastidores como um conselheiro de Agnelo. A recomendação de Alcoforado pesou para a escolha dos nomes que compõem a área jurídica do governo.

Abdon Henrique Araújo, Administrador do Lago Sul e empresário, nasceu também de um vínculo de amizade a relação entre Agnelo. Observadores da trajetória política do novo governador apostam que a influência de Abdon não se prenderá aos limites geográficos do Lago Sul, para onde foi nomeado administrador. Abdon é considerado um amigo de Agnelo, com quem o político dividiu momentos de lazer. Em épocas menos concorridas, eles se arriscavam nas peladas de futebol. Os dois se conhecem há, pelo menos, duas décadas e, desde a primeira candidatura de Agnelo, Abdon o apoiou. Na pré-campanha em 2010, ele foi uma das pessoas mais próximas ao candidato — organizava as reuniões políticas para lançar o nome de Agnelo ao governo.
Fonte: Correio Braziliense

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