Recentes falhas em serviços da Microsoft, Google e Amazon causam transtornos a usuários. E prejuízos às próprias empresas.
Servidores do Google, Amazon e Microsoft apresentaram problemas em agosto (Amy Walters/Think Stock). |
O mês de agosto foi bem agitado para três das maiores companhias de
tecnologia e serviços de internet do planeta. A Microsoft foi obrigada a
suspender o acesso de seus usuários à plataforma de e-mails Outlook.com
entre os dias 14 e 16 em decorrência de problemas técnicos do
serviço em nuvem. No dia 18, foi a vez dos serviços do Google saírem do ar
por quase cinco minutos, levando com eles cerca de 40% do tráfego total
da internet. Finalmente, no dia 25, parte dos servidores da Amazon
apresentou problemas, tirando do ar clientes como a rede social de fotos
Instagram e o aplicativo de notícias Flipboard, que ficaram
inacessíveis por mais de 50 minutos. Embora essas falhas sejam
consideradas raras e isoladas por analistas, elas trazem transtornos a
usuários e, de fato, podem causar prejuízos relevantes a todas as partes
envolvidas.
Phil Dearson, estrategista-chefe da agência de publicidade digital
Tribal Worldwide, estima que o Google tenha deixado de embolsar cerca de
500.000 dólares nos cinco minutos de pane. "O cálculo leva em conta
perdas com venda de conteúdo digital pelas lojas on-line do Google e com
a suspensão da exibição de anúncios pelo sistema da companhia durante
os cinco minutos", diz Dearson.
Não é muito se o valor for comparado à receita da companhia em 2012,
50 bilhões de dólares, mas causa apreensão. André Vivas Fontana,
professor de economia do curso de Administração da ESPM de São Paulo,
afirma que nesses casos pode haver um prejuízo intangível de imagem.
"Esses cinco minutos podem não ser suficientes para arranhar uma marca
como o Google, mas essa percepção pode mudar quando falamos de um dia ou
mais de serviços fora do ar", diz. De acordo com o economista, tais
problemas podem afetar o desempenho das companhias nas bolsas de
valores, alterando a percepção de investidores .
Nesse sentido, o caso da Amazon é mais delicado. Entre os serviços
oferecidos pela companhia, está o de armazenar em seus servidores
informações de outras companhias. Por isso, a falha interrompeu o acesso
de usuários a serviços como o Instagram. "Do ponto de vista dos
clientes que contratam a hospedagem, a falha é inadmissível", diz Bruno
Tasco, analista de mercado da consultoria Frost & Sullivan. "Isso
porque, nessa situação, os clientes certamente perdem dinheiro. Se o
problema persistir, a tendência é migrar o negócio para um concorrente."
No caso das empresas, o assunto pode ser solucionado com base no
contrato estabelecido entre as partes, com indenizações ou mesmo
desconto na cobrança de mensalidades, afirma a advogada Patrícia Peck
Pinheiro, especialista em direito digital. Os milhões de usuários de
internet, por sua vez, gente que utiliza serviços de e-mail e
ferramentas on-line, entre outros recursos, devem estar atentos aos
termos de uso e políticas de privacidade detalhadas pelas organizações,
que possuem o mesmo peso de um contrato.
Esses documentos, muitas vezes ignorados pelos usuários, oferecem
informações importantes sobre eventuais crises ou procedimentos durante a
interrupção dos serviços. "Se você ler os termos com atenção, notará
que todos esses produtos incluem cláusulas tratando da interrupção dos
serviços por força maior e da isenção de responsabilidade nesses casos",
afirma a advogada. "De qualquer forma, essas companhias devem prestar
satisfações às pessoas que se dispuseram a utilizar essas ferramentas,
oferecendo inclusive uma previsão de reestabelecimento dos sistemas."
Fonte: Veja
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