Granjeiro descreve os três “tipos de candidatos” a empregos públicos que costuma encontrar em salas de aulas
Com o artigo de hoje, pretendo fazer uma provocação aos concurseiros
que costumam ler meus artigos semanais. As conclusões que sintetizo
aqui, neste sábado (24), são produto das minhas observações do dia a
dia, ao longo de mais de duas décadas de trabalho com a preparação de
candidatos para concursos públicos.
Quando alguém decide estudar para concurso, está colocando o seu futuro
em jogo. Por isso, nada melhor do que fazer o quanto antes uma análise
comportamental e, se for o caso, corrigir o que for preciso, enquanto
ainda é tempo, e se tornar um candidato realmente competitivo.
Em minha análise dos alunos com os quais trabalho todos os dias,
concluí que são três os tipos de candidatos que podem ser encontrados em
nossas salas de aulas. Começo pelo tipo que chamarei de PAPAGAIO.
Trata-se daquele tipo de pessoa que está sempre anunciando coisas que
acaba não fazendo, prometendo o que não vai cumprir ou garantindo aquilo
que não tem como dar. A frase característica do PAPAGAIO é: “Deixa comigo, isso é moleza. Vou fechar esse edital e arrebentar na prova.”
Quando chega a prova, no entanto, tudo o que esse cara consegue, em vez de arrebentar, é se arrebentar.
O fato é que esse tipo de concurseiro fala demais, porém não leva nada a
sério, nem a si mesmo. Vive enganando a todos, como se estudasse de
verdade e seguramente fosse um dos nomes da futura lista de aprovados.
Mas o coitado nunca vai passar, porque tudo que diz é da boca pra fora.
Ele pode até ser um bom colega, ter um papo agradável, garantir momentos
divertidos como contador de histórias e piadas, mas não vai ajudar
ninguém nem chegará a lugar algum. Enfim, é só mais um que paga a taxa
de inscrição em concurso público.
Se você, caro leitor e concurseiro, está se comportando como um PAPAGAIO,
trate de mudar, e logo. Senão, o tempo vai passar e você ficará para
trás, enquanto seus concorrentes sumirão de sua vista, aprovados para
cargos que você estava disputando. Mude, sim, e logo, mas atenção: nunca
mude para o extremo oposto. Não deixe que a amargura e o pessimismo por
não ter sido aprovado em algum concurso tomem conta de você. Se isso
acontecer, você se tornará um tipo pior ainda: o concurseiro conhecido
como URUBU.
O URUBU é um tipo que todos nós conhecemos. A toda
hora esbarramos com alguém assim, em qualquer lugar: na fila do banco,
no supermercado, no médico e, é claro, no trabalho. Talvez ele seja
digno de pena, por ser alguém tão amargo. Mas o que eu sinto, mesmo,
pelo URUBU é grande irritação e genuína rejeição.
Quando se trata de concurso público, então, não posso aceitar esse tipo
de gente, cujo negativismo pode contaminar outras pessoas e prejudicar
qualquer trabalho. Infelizmente, encontramos URUBUS
entre os concurseiros e até mesmo entre profissionais da área dos
concursos, que ganham o pão de cada dia nas salas de aulas, por incrível
que pareça!
O URUBU é aquele candidato sempre
insatisfeito com tudo que o cerca. Exatamente por isso, não chega nunca a
lugar nenhum. Pessimista pela própria natureza, talvez precise, na
verdade, é de tratamento psicológico ou até psiquiátrico. Ele faz
cursinho, mas não acredita que possa ser aprovado no concurso; acha que
está gastando muito dinheiro à toa para estudar; vê falhas em tudo o que
o cerca, dos professores aos banheiros, do ar condicionado à grade
horária, do cafezinho nos intervalos aos bebedouros, do serviço de
limpeza à comida da lanchonete, e por aí afora. É uma figura lamentável,
que só sabe reclamar. Pior: nem se dá o trabalho de olhar para o
próprio umbigo a fim de descobrir por que não conseguiu passar em nenhum
concurso que tentou.
Se você que me lê agora costuma se comportar como URUBU, trate de virar ÁGUIA, enquanto ainda dá tempo. Do contrário, você será eterno concurseiro; nunca servidor público. O ÁGUIA é
o candidato que voa alto, observa todo o panorama lá de cima e, quando
mergulha em direção à presa – a vaga em disputa –, jamais erra o alvo. A
comparação com a ave de rapina e sua natureza de caçadora pode parecer
exagerada e até cruel, mas não é. O que desejo ver em meus alunos é a
força, a determinação, a agilidade e a inteligência da águia. Se eles
conseguirem reunir em sua personalidade essas qualidades, com certeza
serão vitoriosos.
Uma águia vence a tempestade voando mais alto do que as nuvens da
tormenta. Uma águia arranca as penas ruins para que outras nasçam novas e
fortes. Uma águia consegue garras mais poderosas esfregando-as nas
pedras da montanha. Uma águia ensina os filhotes a voar obrigando-os a
sair do ninho e superar o medo do primeiro bater de asas, pois sabe que,
se eles não conseguirem, não poderão sobreviver sozinhos na natureza.
Uma águia está preparada para vencer qualquer dificuldade. Até mesmo
quando chega o momento de morrer, ela demonstra altivez e escolhe o
lugar do repouso eterno: voa para o lugar mais alto da montanha e lá,
finalmente, descansa.
Eu poderia citar muitas pessoas como exemplos de ÁGUIA.
Todas elas, sem exceção, são bem-sucedidas. Mas quero deixar aqui
registrado o nome de apenas um desses vitoriosos. Todos o conhecem.
Trata-se de um dos maiores desportistas do mundo, que até hoje, aos 50
anos de idade, multimilionário e ainda ganhando muito mais dinheiro do
que quando era o atleta mais bem-pago do esporte mundial, me impressiona
pela sua vitalidade. Digo isso porque, outro dia, eu o vi em ação numa
reportagem, e, mais uma vez, me chamaram a atenção sua disposição e
forma física. O espanto não foi só meu: um jovem jogador que treinava
com ele disse que, se esse homem quisesse voltar, poderia atuar ainda em
alto nível contra jogadores com a metade de sua idade!
Estou falando de Michael Jordan, o craque que inscreveu para sempre
seu nome não apenas como o número um do basquete, mas como um dos
maiores de todos os tempos no esporte mundial. A frase que o ex-atleta
pronunciou no encerramento da reportagem ficou gravada em minha memória,
como um verdadeiro princípio de vida, que serve para todos nós. Foi a
propósito de sua frustrada tentativa de se tornar um profissional do
golfe, após abandonar o basquete, ainda aos trinta e poucos anos de
idade: “Não me importo com um fracasso. O que realmente me incomodaria é não ter tentado.”
Eis aí, caros leitores, um exemplo a seguir. Isso se você quiser ser um grande ÁGUIA na vida, e não um mero PAPAGAIO ou um detestável URUBU.
Tenha sempre em mente a frase e o exemplo de Jordan. Esteja ciente de
que o águia Michael Jordan foi um atleta fora de série e talvez ninguém
possa reeditar o sucesso dele. Mas o que vale é o exemplo. Se você for
do tipo que jamais desiste de seus objetivos, também será um águia e
logo conquistará o seu feliz cargo novo!
Fonte: Congresso Em Foco
0 Comentários