Raul Seixas foi um artista que fez a diferença na história da música
além da música e muito mais do que juntar o rock com o baião.
Ele nasceu em Salvador, em 1945, e foi um dos pioneiros do rock
brasileiro numa época em que muitos poucos nem sabiam o que era isso por
aqui, trabalhou como produtor musical e como compositor uniu filosofia,
psicologia, história e literatura num caldeirão de perfil contestador.
O artista foi além da música com atitude provocadora por meio de
letras que mexiam com o inconsciente coletivo abordando temas e ícones
da cultura, política e religião.
O primeiro registro profissional foi com o grupo Os Panteras, que não atingiu o sucesso.
Mesmo assim ele não desanimou e um tempo depois começou a trabalhar como produtor musical, no Rio de Janeiro, na gravadora CBS.
Mas as ideias revolucionárias de Raul não tinham apelo comercial e
também foram censuradas pelo governo militar devido ao controle sobre a
produção artística no país.
Um desses projetos, o álbum Sociedade Grã Ordem Kavernista ao lado
dos colegas Sérgio Sampaio, Edy Star e Miriam Batucada, inspirado em
Frank Zappa e o álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band dos Beatles,
hoje é disputado pelos colecionadores.
Raul e Paulo Coelho durante a turnê derradeira. A Panela do Diabo |
No ano de 1974, Raul Seixas e o amigo Paulo Coelho criaram a
Sociedade Alternativa, uma sociedade baseada nos preceitos de um bruxo
inglês chamado Aleister Crowley, que tinha como ordem principal a “Faze o
que tu queres, há de ser tudo da Lei”.
Em todos os shows, Raul divulgava as leis da Sociedade Alternativa
durante a música de mesmo nome para o desespero dos integrantes do
temido DOPS, o Departamento de Ordem Política e Social, que acabou
prendendo Raul e Paulo, devido ao temor de que a Sociedade Alternativa
fosse um movimento armado contra o governo.
A constante marcação dos censores levou Raul aos Estados para uma
temporada no exílio, mas ele acabou voltando ao Brasil devido ao grande
sucesso do LP Gita, o auge comercial da carreira do “maluco beleza’.
Raul abusou do álcool e os reflexos na saúde foram sentidos à partir
do ano de 1978, mas seguiu emplacando sucessos e provocando censura com
hits como “Rock das Aranha” e “Aluga-se”, do álbum “Abre-te Sésamo”, em
1980.
Veja um trecho da letra da canção “Aluga-se”:
A solução pro nosso povo
Eu vou dá
Negócio bom assim
Ninguém nunca viu
Tá tudo pronto aqui
É só vim pegar
A solução é alugar o Brasil!…
Durante a década de 1980 a saúde do músico debilitou-se devido ao
consumo excessivo de álcool causando cancelamento de contratos.
O ocultista britânico Aleister Crowley foi inspiração |
Em meados de 1987 a amizade com o cantor Marcelo Nova renderia uma
parceria no ano seguinte e uma série de shows em Salvador, após três
anos sem pisar num palco.
O trabalho com o ex-vocalista do grupo Camisa de Vênus resultaria
numa turnê e o último álbum lançado, no ano de 1989, A Panela do Diabo,
que foi lançado pela Warner Music Brasil no dia 22 de agosto de 1989, um
dia depois da morte do cantor.
O corpo de Raul foi velado no Palácio das Convenções do Anhembi. No
dia seguinte foi levado por via aérea até Salvador e sepultado às 17
horas, no Cemitério Jardim da Saudade.
Depois de sua morte, Raul permaneceu entre as paradas de sucesso e as
homenagens são constantes incluindo álbuns póstumos, coletâneas,
livros, programas especiais de TV, filmes, documentários e shows.
Vinte anos depois da morte de Raul Seixas, o produtor musical
Mazzola, amigo pessoal de Raul, divulgou a canção inédita “Gospel”,
censurada na década de 1970. Veja o videoclipe: http://migre.me/ds88E
Fonte: Blog do João Carlos Santana/CBN
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