Operador e criador do esquema de corrupção no GDF, Durval Barbosa diz que agia com autorização do ex-governador Joaquim Roriz no desvio de dinheiro
Durval Barbosa prestou depoimento na quinta-feira quando comprometeu pela primeira vez o ex-governador Roriz no esquema de corrupção montado na Codeplan. Foto: Marcello Casal Jr./ABr. |
O criador, operador e delator do maior esquema de corrupção já registrado em Brasília, Durval Barbosa, entregou pela primeira vez o seu ex-chefe, o ex-govenrador Joaquim Roriz (PSC), durante um depoimento à Justiça. Foi durante audiência de Instrução e Julgamento na 2ª Vara da Fazenda Pública do DF, na tarde de quinta-feira (1o), ao juiz Álvaro Ciarlini. Durval foi ouvido na condição de testemunha de acusação arrolada pelo Ministério Público do DF na ação de improbidade administrativa 2010.01.1.063234-4 contra a ex-deputada distrital Eurides Brito.
Durval Barbosa, em seu depoimento, afirmou que foi cooptado pelo ex-governador José Roberto Arruda, com autorização do também ex-governador Joaquim Roriz, para captar recursos para o financiamento da campanha nas eleições de 2006. Roriz, segundo Durval, autorizou os desvios.
O delator afirmou que esses recursos eram provenientes de propinas de contratos de informática na Codeplan e que aderiu às intervenções de Arruda, pois também se beneficiava com o sistema. Informou que de janeiro de 2003 a dezembro de 2006 passou 60 milhões a Arruda, dinheiro obtido por meios ilícitos em contratos com o ICS e com o GDF à época do governo Roriz. “A finalidade da referida ‘gestão’ era administrar os bens advindos das propinas pagas em virtudes desses contratos, tratando-se, na verdade, de uma rapinagem”, afirmou Durval.
Ainda segundo Durval, Roriz tinha plena ciência da entrega dos valores para Arruda de 2003 a 2006. “Na verdade, o Sr. José Roberto Arruda era o gestor da Codeplan”, declarou. Quanto aos vídeos, disse que além do vídeo feito na Secretaria de Assuntos Sindicais, gravou outros três onde Eurides Brito aparece recebendo dinheiro na Codeplan. Disse que o último vídeo gravado na Secretaria de Assuntos Sindicais não foi o último em que Eurides recebeu valores das suas mãos.
Ainda no depoimento, Durval afirmou ter dado a Eurides R$ 20 mil por mês, no período de janeiro de 2003 a dezembro de 2006, para prestar o referido apoio, além de ter custeado suas festas de aniversário para 5 a 10 mil pessoas.
Defesa de Arruda divulga nota
Após o depoimento de Durval Barbosa se tornar público com as novas revelações e o envolvimento de Joaquim Roriz, a assessoria de José Roberto Arruda divulgou uma nota pública assinada pelo advogado Edson Smaniotto.
Segundo a nota, a nova tentativa do delator da Caixa de Pandora de responsabilizar o ex-governador Arruda pelos desvios ocorridos na Codeplan revelou-se mais uma vez inócua. “Ao repeti-la hoje durante a audiência de acareação da ex-deputada distrital Eurides Brito, ele deixou ainda mais claro que tais crimes foram cometidos durante o período de 1998 a 2006, quando presidia a Codeplan. Portanto, no governo anterior ao de Arruda” diz o documento.
Para o advogado, insistir em argumentar que Arruda mandava no governador Roriz, seu adversário, não tem como ser verossímel. “Não passa de mais uma tentativa do delator para transferir a responsabilidade dos atos que ele próprio cometeu, no intuito de obter o prêmio da delação que tem contribuído para a sua impunidade”, afirmou Smaniotto.
A defesa lembra que em decisão recente do Tribunal de Justiça do DF, que desbloqueou os bens do ex-governador, concluiu que Arruda não foi responsável por desvios ocorridos durante o período do governo anterior.
Fonte: Jornal Couminidade
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