MP investiga Maurílio Silva por suspeita de fraude em licitações

Maurílio teria dito a empresários que em 2011 poderia agilizar o negócio.
Tráfego de influência, desvios de recursos públicos, direcionamento de licitações e superfaturamento apimentam uma investigação que corre desde 2009 na Procuradoria-Geral da República (PGR). Trata-se de gravações de áudio, que estão em poder de procuradores federais, nas quais o lobista Maurílio Silva, ex-conselheiro do Tribunal de Contas do DF, apareceria cobrando propina de um grupo de fornecedores do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF). No áudio, fica claro o planejamento para fraudar licitações relacionadas ao uso dos lacres de placas de veículos. A conversa teria sido gravada em 14 de dezembro de 2009 – pouco mais de duas semanas após a Polícia Federal deflagrar a Operação Caixa de Pandora. As gravações foram feitas por uma empresária, numa reunião entre Maurílio e fornecedores de placas e lacres para veículos. O encontro também teria contado com a participação do filho de Maurílio, o jornalista Donny Silva. A empresária que “grampeou” a reunião entregou o áudio ao Ministério Público, que investiga o caso. No encontro, os empresários deixam claro que formaram um cartel e que queriam discutir com o lobista uma maneira de conseguir exclusividade para instalar os novos lacres veiculares exigidos pela lei. Na gravação, Maurílio Silva é curto e grosso. Diz estar trabalhando para um então candidato ao Palácio do Buriti. “Sou amigo dele há anos. Se ele ganhar a eleição, fica muito prático viabilizar o direcionamento do jeito que vocês querem”, disparou. O lobista explica, porém, que o pedágio é caro: “Nós não temos interesse em negócio pequeno. Queremos participar do faturamento do negócio de vocês”, destacou. Depois de explicar como “direcionar o edital” do Detran, Maurílio diz: “Tem que pensar em coisa grande. É para entrar e não sair mais, fazer uma PPP (parceria público-privada), ficar 30 anos”. Os empresários concordam em prosseguir as tratativas, e o lobista – que também já foi deputado distrital – encerra: “Então vamos trabalhar para 2011. Eu cuido do acerto político”.

Fonte: Jornal de Brasília

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