Saúde pública pede socorro

HRC e HRS não estão realizando atendimento. HRT e UPA sofrem com a superlotação
O caos da saúde pública do DF está longe de acabar. A situação precária com a falta de médicos e estrutura continua fazendo vitimas do descaso nas filas dos Hospitais. No inicio do ano, o GDF inspecionou as unidades de saúde da cidade, mas, os problemas ainda continuam sem solução.

Quem tentou ser atendido ontem no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) precisou de muita paciência. Além da fila imensa do lado de fora, os pacientes tiveram que esperar horas para conseguir atendimento médico. Lilian Costa, 27 anos saiu do Recanto das Emas. “Acho que fiquei uns 40 minutos na fila só para fazer a ficha. Dependendo da especialidade vai demorar horas para eu ser atendida”, conta. O motorista Carlos Barbosa da Silva, 32 anos, conta que está há três dias com o braço quebrado e não consegue ser atendido. O Hospital Regional de Taguatinga é a quarta unidade de saúde que o morador da Estrutural procura. “Sofri um acidente de carro no sábado, fui atendido no Hospital de Santo Antonio do Descoberto, mas, não consegui engessar o braço, então fui encaminhado para o Hospital de Águas Lindas, mas, falaram para ir para Ceilândia, ontem (terça-feira) fiquei lá de 7h às 19h esperando até ser informado que o médico não tinha ido, então vim para cá tentar atendimento”, explica. Segundo Barbosa, a solução será pagar atendimento na rede particular. “Não consegui dormir essa noite, meu braço está inchado e dói muito”, lamenta.

Um dos motivos do congestionamento do HRT é a falta de atendimento no Hospital de Ceilândia (HRC) que não está realizando atendimento de pronto socorro na especialidade de clinica geral desde segunda-feira. A moradora de Ceilândia Thereza Ramos, 64 anos, foi até o Hospital de Taguatinga para procurar atendimento de oftalmologia para o esposo. “Ceilândia não tem atendimento. Aqui é sempre demorado, a fila é grande e os idosos não têm prioridade”, reclama a aposentada. Segundo a Secretaria de Saúde, o atendimento de clinica médica do HRC, está sendo feito por três clínicos, que estão se dividindo entre a Emergência e a prescrição dos internos. Mas, nem todos que vão até o Hospital conseguem atendimento. “O homem chegou tendo convulsões e teve que ir para outro Hospital. Eles não estão atendendo”, conta uma paciente.

No Hospital de Samambaia (HRS) também a surpresa: a unidade de saúde está vazia, mas, não por falta de pacientes e sim por falta de médicos. “Aqui só tem atendimento de cirurgias urgente e ginecologia, clinica médica e outras especialidades só na UPA”, informa o funcionário para quem procura atendimento na unidade. Dona Isabel Maria, 48 anos chegou passando muito mal, com falta de ar e pressão alta, mas, mesmo chorando e implorando não conseguiu ser atendida. A ambulância parada na porta do Hospital só poderia leva - lá até a UPA com encaminhamento médico, impossível sem o profissional no Hospital. “Pelo amor de Deus, eu to passando mal”, pediu Maria em vão.

Unidade de "Pronto" Atendimento
Caos, transtorno e precariedade são alguns dos problemas encontrados na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Inaugurada dia 15 de fevereiro na quadra 107 de Samambaia Sul para realizar atendimento de emergência 24 horas e com o objetivo de desafogar o HRS, a UPA parece ser mais um fracasso. Superlotada, os pacientes chegam a ficar mais de seis horas esperando atendimento. “Pensei que aqui o atendimento ia ser mais rápido e vim direto, mas, já tem mais de três horas que estamos esperando”, conta o comerciante Marcelo Gomes de Oliveira, 35 anos, que foi até a unidade tentar atendimento pediátrico para a filha de 8 anos.

A UPA era a esperança do aposentado Antônio Vieira de Souza, 60 anos. Há três semanas, ele procura atendimento na especialidade de urologia para resolver o problema de câncer de próstata. Com problemas físicos nas pernas, utilizando muletas e uma sonda por causa da doença, de ônibus ele já percorreu o Hospital da Asa Norte (HRAN), da Universidade de Brasília (HUB) e Hospital de Base em busca de atendimento. “Cheguei no Hospital de Samambaia e mandaram eu vim para a UPA, mas, aqui também não tem. Vão me encaminhar para a clinica médica, por que não tem urologia também.Tenho que ficar correr atrás de médico, mas, já não sei mas, para onde ir”, declara Vieira.

Segundo um funcionário que não quis se identificar faltam profissionais na UPA. “Todos estão trabalhando com esquema de hora extra”, conta. De acordo com ele a Unidade realiza atendimento nas especialidades clinica médica, pediatria, ortopedia, odontologia e serviço social. “Dia 21 tivemos 505 atendimentos e dia 22 cerca de 517. todos os dias está lotado aqui, vem gente de todos os lugares, Sobradinho, São Sebastião, Céu Azul, Ceilândia. Falta informação, muitas pessoas vem para marcar consultas, mas, aqui é para atendimentos de emergência”, explica o funcionário.

De acordo com a Secretaria de Saúde, em caso de urgência o paciente deve procurar o local adequado para atendimento. “O centro de saúde é a porta de entrada do sistema de saúde. O paciente com algum mal estar deve ir primeiro ao centro de saúde mais próximo de sua casa, onde será encaminhado para a classificação de risco examinado, medicado e volta para casa. Casos diagnosticados como de maior gravidade são removidos para a Unidade de Pronto Atendimento ou para a emergência de um hospital, dependendo da avaliação médica. A remoção do paciente para a UPA ou para o hospital é feita pelo Samu.

A UPA é a ligação entre a atenção básica (centro de saúde) e a hospitalar. Nos horários em que o centro de saúde está fechado o paciente deve se dirigir à UPA para atendimento de urgência. As especialidades na UPA de Samambaia: ortopedia, pediatria, clínica médica e odontologia (durante o dia)”, detalhou a assessoria de imprensa.

Fonte: Tribuna do Brasil

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