Jaguar XJ, a máquina

Testamos o carro que cobra mais de R$ 1 mil por cada cavalo de potência.

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Se eu sempre chamei de carro os veículos que já tive (uma Brasília, um Dodge Polara, um Voyage, um Monza Hatch, um Gol, um Golf e duas Scenics), agora fico na dúvida de qual substantivo usar para chamar o Jaguar XJ que pertenceu a mim por pouco mais de uma semana, durante um teste para a VIP. Vou chamá-lo de “a máquina”, então.

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Foi uma semana que passou voando, em todos os sentidos. A máquina é rápida, muito rápida. Com um motor V8 de 510 cavalos, atinge 100 km/h em apenas 4,9 segundos. É também incrivelmente confortável, espaçosa e luxuosa, com acabamento em couro, metal, camurça e madeira. E grande: com 5,12 metros de comprimento, quase não coube em minha garagem, que deve ter 5,13 m, estourando. Uma coisa ela não é: barata. No Brasil custa R$ 544 mil.

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Ter a máquina por uma semana é um bom pretexto para pegar a mulher no escritório numa noite de segunda-feira e, em vez de jantar em casa, levá-la para comer um bacalhau num restaurante português que fica logo ali, no km 53 da rodovia Castelo Branco.

Dirigir o XJ é uma experiência que, dependendo da sua fissura por carros (ou máquinas), começa no muito agradável e vai até o orgástico – não foi o meu caso. A sensação que se tem é a de que o carro se desloca a alguns centímetros do solo. Uma hora eu quis acelerar na saída de uma curva fechada, para testar o arranque, e fui traído pela tração traseira: achei que a barca fosse derrapar. Mas não.

A tela do painel é dotada de tecnologia que permite passar duas coisas ao mesmo tempo, conforme muda–se tão somente o ângulo de visão da pessoa que assiste. Eu, dirigindo, posso ver o mapa, enquanto minha mulher, no banco do passeiro, pode assistir a um filme – e usar o fone de ouvido para o áudio não tumultuar as orientações que recebo da assistente de navegação com sua voz suave, quase doce, e sotaque de português de Portugal (e raciocínio também: “A 500 metros, siga em frente”). Tudo isso na mesma tela. Ao mesmo tempo.

Quem vai no banco de trás possui mais espaço para as pernas, graças ao entre-eixos estendido, e um computador de bordo próprio, com o qual pode controlar a música, a temperatura e o vídeo que será exibido nas duas telas LCD.

Para as crianças, tudo é festa. Andar na máqina causa um êxtase semelhante ao que elas sentem na entrada de um novo e desconhecido parque de diversões. Cada vez que eu pisava fundo, minhas filhas gritavam lá de trás. Parecia que estavam numa montanha russa. Sempre procurei criá-las mantendo uma boa distância dos arroubos consumistas, mas isso não impediu que a mais nova, de 6 anos, desse beijos na carroceria de alumínio sempre que passasse ao lado da máquina na garagem. A mais velha, de 9, vidrou no teto solar traseiro, e uma amiga dela que veio junto num passeio disse depois à mãe que gostaria que ela fosse jornalista. Ah, a inocência das crianças…

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