Pesquisa realizada pelo DataSenado mostrou que 78,1% dos brasileiros
apoiam a ideia de tornar a educação básica – envolvendo a educação
infantil, o ensino fundamental e o médio – responsabilidade exclusiva do
governo federal.
A proposta, defendida pelo senador Cristovam Buarque
(PDT-DF), foi rejeitada por apenas 19,1% das pessoas ouvidas no
Distrito Federal e nos 26 estados brasileiros entre 18 e 30 de
setembro. Os 2,8% restantes não souberam ou não quiseram responder.
Em
discurso no Plenário na terça-feira (12), Cristovam ressaltou que esse
foi o caminho percorrido pela maioria das nações do mundo que
conseguiram elevar a educação básica a padrões aceitáveis de qualidade.
Pela mesma razão, o senador sugere que o governo transforme o
Ministério da Educação em Ministério da Educação de Base, repassando
todas as atribuições relacionadas com o ensino superior para o
Ministério de Ciência e Tecnologia. Em defesa de projeto que apresentou
nesse sentido, aprovado também ontem pela Comissão de Educação,
Cristovam argumentou:
– Criança é coisa de prefeito. Para o
governo federal, é peixe que é importante. Aí tem um ministério para
cuidar dos peixes, mas nós não temos um ministério para cuidar das
crianças. Nós temos, na área de economia, pelo menos uns dez
ministérios diferentes. Para a educação, apenas um. Na maior parte dos
países onde deu certo a educação de base, havia um ministro responsável
por olhar, cuidar, influir na educação de base. Onde não teve isso,
não deu certo. Por isso, a minha proposta - disse.
A pesquisa do
DataSenado, que ouviu 811 pessoas (com 16 anos ou mais) por meio de
entrevistas telefônicas, colheu várias outras informações interessantes
sobre as percepções da população em relação à questão educacional.
Veja a seguir os seus principais resultados.
Federalização da educação
A ideia de transferir para a União as atribuições
relativas à educação de base obteve maior aceitação entre os
entrevistados com renda mais baixa. Das pessoas com rendimentos de até
dois salários mínimos, 80,4% mostraram-se favoráveis à proposta. O apoio
foi de 52,9% entre os que disseram receber mais de dez salários
mínimos.
Além de encampar a proposta de
federalização do ensino básico, a maioria dos entrevistados é favorável
à priorização dos investimentos no ensino fundamental. Para 65,2% dos
brasileiros, é nele que deve ser aplicado mais dinheiro público.
Os
entrevistados também demonstraram apoio à unificação nacional dos
salários dos professores da educação básica (83%) e o estabelecimento
de um processo seletivo nacional, com os mesmos critérios em todo o
Brasil, para a contratar professores da educação básica (87,9%).
Qualidade da educação
Foi mal avaliada a qualidade da educação pública no país. Só 9% dos
entrevistados a consideram “boa” ou “ótima”. Para 53,8%, ela é “ruim” ou
“péssima”. Os 36,6% restantes a definiram como “regular”.
Como a
mesma pergunta foi feita em pesquisa realizada pelo DataSenado nos
meses de junho e julho de 2011, foi possível comparar os resultados de
agora com aqueles colhidos dois anos antes.
O confronto dos
números indica que piorou significativamente a avaliação que os
brasileiros fazem do ensino público. Os percentuais de ótimo e bom
somados caíram pela metade, de 18% para 9%. Os de ruim e péssimo
cresceram de 37% para 53,8%.
Maiores problemas da educação
Os baixos salários foram apontados como o maior problema da educação
pública para crianças em todas as cinco regiões geográficas do país,
alcançando no total 31,7% das menções.
“Professores sem qualificação” e “estrutura física ruim” ficaram em segundo e terceiro lugar, respectivamente.
Fonte: Agência Senado
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